13 outubro 2008

Há 40 anos na Literatura Brasileira...


Falecia um dos maiores expoentes da literatura brasileira: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho. O poeta, crítico, professor de literatura e tradutor brasileiro fez parte da chamada geração de 22 da literatura moderna brasileira. O seu poema Os Sapos, que foi uma crítica aos autores parnasianos, abriu a semana de arte moderna.
Manuel Bandeira, em 1904, terminou o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo. Porém, teve que interrompê-lo por causa da tuberculose. Se não fosse a doença, talvez não tivéssemos a maravilhosa obra desse poeta, mas apenas mais um arquiteto, como queria o seu pai:

“Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!”

(Testamento)

A sua poesia caracterizou-se por ser bastante autobiográfica e sua obra Libertinagem é um marco na sua produção. Antes dela, caracterizava-se por um desencanto diante da vida, influência simbolista e parnasiana, e após ela, havia um clima de aceitação, de conformidade. Tendo em vista a sua condição de saúde, o poeta sabia que corria riscos diariamente, e dessa forma a perspectiva de deixar de existir tornou-se uma constante em seus escritos.
Utilizava-se da coloquialidade, do estilo simples e direto, da musicalidade, do verso livre e metrificado. Além disso, a capital do seu estado de origem, Recife, era uma temática bastante abordada por ele, assim como a sua infância, a sua família e a sua doença.
Ele foi eleito a Academia Brasileira de Letras, em 29 de agosto de 1940, sucedendo Luís Guimarães Filho, e foi recebido pelo acadêmico Ribeiro Couto em 30 de novembro de 1940.
O poeta pernambucano faleceu no dia 13 de outubro de 1968 com hemorragia gástrica aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro.

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Poema extraído do livro "Manuel Bandeira - 50 poemas escolhidos pelo autor", Ed. Cosac Naify – São Paulo, 2006, pág. 35.